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Em 11 de setembro não há muito que comemorar. Estudos recentes apontaram que o bioma Cerrado está perdendo sua área de forma tão rápida que, já em 2030, estaremos com remanescente de cobertura vegetal nativa similar ao da Mata Atlântica, ou seja, com menos de 10% da cobertura vegetal original. Essa redução da área total de Cerrado deve-se a urbanização e a expansão da fronteira agrícola, principalmente, para produção de grãos. Como conseqüência, diversas espécies da fauna e flora silvestres desaparecerão; muitas nascentes e áreas alagadas serão suprimidas e assoreadas, reduzindo a disponibilidade de água para os diversos usos; parte dos solos será erodida e desertificado; haverá alteração no clima regional; os demais biomas brasileiros interligados ao Cerrado sofrerão impactos negativos por terem nele estabelecidas as nascentes de parte de suas redes de drenagem natural.
Durante as décadas de 70 e 80 houve o deslocamento da fronteira agrícola, com base em desmatamentos, queimadas, uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos, que resultou na modificação de 67% das áreas de Cerrado, apresentando voçorocas, assoreamento e envenenamento de ecossistemas. Restam apenas 20% de área preservada.
A partir da década de 1990, governos e diversos setores organizados da sociedade debatem como conservar o que restou do Cerrado, com a finalidade de buscar tecnologias embasadas no uso adequado dos recursos hídricos, na extração de produtos vegetais nativos, nos criadouros de animais silvestres, no ecoturismo e outras iniciativas que possibilitem um modelo de desenvolvimento sustentável e justo.
Nas últimas décadas a expansão das atividades agrícolas tem provocado degradação ambiental no ecossistema, atingindo bacias hidrográficas, exploradas até à exaustão para irrigação de grandes plantações. O uso indiscriminado de agrotóxicos é ameaça ao solo e às águas. Atualmente cerca de 70% do Cerrado são utilizados para agropecuária principalmente para o cultivo de soja. No caso de regiões onde ocorreu desmatamento, para permitir a expansão da agricultura, a recuperação exige a intervenção humana, ou seja, o replantio de espécies nativas do cerrado. Para recuperar totalmente essas áreas a estimativa é de 50 a 100 anos.
Para preservar e proteger os remanescentes de Cerrado, o Poder Público tem criado Unidades de Conservação, como: o Parque Nacional das Emas (131.832 ha), o Parque Nacional Grande Sertão Veredas (84.000 ha), o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (33.000 ha), o Parque Nacional da Serra da Canastra (71.525 ha), o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (60.000 ha) e o Parque Nacional de Brasília (28.000 ha). Contudo, essas áreas ainda totalizam um percentual pequeno desse bioma, tornando-se necessária a criação de outras unidades e a ampliação das existentes, bem como a manutenção de corredores ecológicos entre essas unidades e entre o Cerrado e os demais biomas brasileiros.
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