segunda-feira, 29 de março de 2010

Parada Disney detona a Pampulha



Parte da orla da Lagoa Pampulha, em Belo Horizonte (MG), está sendo desfigurada para receber a Parada Disney - evento internacional que aconteceu no sábado (27/03), na avenida Otacílio Negrão de Lima, entre o Parque Ecológico da Pampulha e o Iate Tênis Clube. Desde o último 20/03, canteiros centrais, gramados, rotatórias, calçadas e quebra-molas começaram a ser destruídos. O objetivo é dar passagem aos grandes carros alegóricos de Mickey Mouse e companhia.

Árvores também estão sendo podadas e parte da sinalização de trânsito já foi retirada. As modificações no entorno da Pampulha têm revoltado moradores e associações de bairro. “Enquanto o Pato Donald e o Mickey chegam aqui com interesses econômicos, nós fazemos o papel de patetas”, ironizou o morador Antônio Carlos Carone, membro da Associação Pró-Interesses do Bairro Bandeirantes.
“Os moradores não estão contra a parada. Nós estamos incomodados por causa da má administração dos bens públicos. Belo Horizonte tem outros locais que poderiam receber o evento, onde seriam desnecessário intervenções”, ressaltou a presidente da Associação Pró-Civitas dos bairros São Luiz e São José, Juliana Renault Vaz. A associação promete protocolar uma reclamação no Ministério Público.
Cuidados
O secretário da Regional Pampulha, Osmando Pereira, disse que todas as providências estão sendo tomadas para valorizar o evento cultural e minimizar os impactos na região. “Inclusive, negociamos com os promotores que não trouxessem carros acima de 7,5 m. As alegorias são largas, mas elas terão apenas 5 m.”, explicou o secretário.
Segundo a Regional, tudo o que foi modificado começará a ser reconstruído na segunda-feira (29/03). As ações serão realizadas pelos operários da prefeitura. Contudo, taxas municipais serão cobradas pelo serviço. O secretário não soube informar o valor dos gastos e das taxas.
Osmando Pereira não concorda que o projeto urbanístico da Pampulha será desconfigurado. “Se isso fosse ocorrer, não iríamos permitir que a parada acontecesse. As podas nas árvores, por exemplo, já seriam necessárias. Na última chuva de granizo, precisamos fazer algumas intervenções. As podas são infinitamente inferiores aos problemas por causa da chuva”, alegou o secretário.
A assessoria de imprensa da Nestlé - responsável pelo evento no País - informou apenas que as obras de intervenção da via são de responsabilidade da prefeitura municipal.
“Será um sonho para muitos mineiros”, diz governador
A Parada Disney é um evento que tem a direção artística supervisionada pela The Walt Disney Company, conglomerado americano de mídia e entretenimento. O evento tem o patrocínio da empresa de alimentos Nestlé, apoiado pela Prefeitura de Belo Horizonte e o Governo de Minas. O desfile será no sábado e começa às 16hs.
O evento acontece pela quarta vez no Brasil.

Detalhe ,a Pampulha é uma região tombada e de proteção ambiental. Cadê a responsabilidade ambiental e urbana dessa cidade???

sábado, 20 de março de 2010

“Josué, nunca vi tamanha desgraça”



Enviado por Paulo Gonçalves

Na noite do último Natal, no centro do Recife, centenas de pessoas com andrajos faziam filas quilométricas para receber “cestas básicas” distribuídas pelos governos federal e estadual, igrejas, centros comunitários, clubes de mães...
A cena repetia, de modo concentrado, o que acontece diariamente pelas ruas centrais e adjacentes desta cidade “tomada ao mar”. A secular miséria aumenta ano após ano, decorrente da mesma prática política que Josué Apolônio de Castro denunciava há mais de 40 anos.

Médico, geógrafo, professor catedrático e autor do livro Geografia da fome, obra traduzida em 25 idiomas, o pernambucano nascido no Recife, Josué de Castro foi um dos mais importantes brasileiros do século XX, cuja vida foi dedicada a desvendar e denunciar as condições em que subsistem milhões de seres humanos, condenados a morrer de fome, vítimas da exploração de um sistema moribundo e de suas relações sociais.
Utilizando-se de instrumentais teóricos marxistas, a obra de Josué de Castro se notabilizou pelo estudo e pela denúncia das condições que produzem o flagelo da fome. Ela analisa o imperialismo e o seu desenvolvimento nos países semicolonizados ao criticar as classes dominantes e enfocar o papel da economia e a necessidade de erradicar o latifúndio e o semifeudalismo, fonte primeira das condições de vida subumanas encontradas a cada esquina do nosso país e demais nações sob o jugo colonial.
A sua denúncia do “flagelo fabricado pelos homens contra outros homens”, como diz em Geografia da fome, sintetiza o seu vigoroso trabalho, referência mundial obrigatória quando o tema é fome como consequência da ação política.

Segundo sua filha, Anna Maria de Castro, “a publicação da primeira edição da Geografia da fome, em 1946, marca o início das denúncias que pretendeu levar , aos brasileiros e ao mundo, sobre esse grave flagelo”. Anna diz que “a vida de Josué de Castro foi uma grande lição de engajamento em sua própria realidade, sua própria cultura. Ele procurou desenvolver uma ciência a partir de um fenômeno que é a manifestação do baixo padrão de vida em sua mais dura expressão: a fome, e tentou criar uma teoria explicativa para a triste realidade da negligência, da pobreza, da miséria, buscando modificar a história de seu país. É este homem que o Brasil de hoje precisa deixar de ignorar.”

Hoje, principalmente, quando os governantes do FMI/PT baseiam sua política no assistencialismo das tais comunidade solidária, bolsa-escola, cartão alimentação (cópia do food stamp distribuído pelos ianques na década de 40), bolsa família, fome zero, restaurantes a R$ 1,00, nada mais estabelecem que um grande engodo eleitoreiro para mantê-los no poder, sem nenhuma melhora nas condições de vida do povo. Trata-se de uma política social de amansamento, de domesticação que agride a dignidade humana, porque é voltada para aprofundar a submissão, a ignorância e a idiotização.
Com essas esmolas as autoridades acreditam que essa imensa massa humana não cobrará delas nada mais que uma cesta básica. Situação idêntica inspirou o poeta Zé Dantas e a Luiz Gonzaga, o rei do baião que cantou em Vozes da seca: “Uma esmola a um homem que é são ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão.”

No prefácio de sua obra mais famosa, ele diz:
A lama dos mangues do Recife é povoada de seres humanos feitos de carne de caranguejo, pensando e sentindo como caranguejos. Seres anfíbios — habitantes da terra e da água —, meio homens e meio bichos, alimentados desde a infância com caldo de caranguejo, este leite de lama. Seres humanos que se faziam assim irmãos de leite dos caranguejos. Que aprendiam a engatinhar e a andar com os caranguejos da lama e que depois de terem bebido na infância este leite de lama, de se terem enlambuzado com o caldo grosso da lama dos mangues, de se terem
impregnado do seu cheiro de terra podre e de maresia, nunca mais se podiam libertar desta crosta de lama que os tornava tão parecidos com os caranguejos, seus irmãos, com as suas duras carapaças também enlambuzadas de lama.

Cedo me dei conta deste estranho mimetismo: os homens se assemelhando, em tudo, aos caranguejos, arrastando-se, agachando-se como os caranguejos para poderem sobreviver. Parados como os caranguejos na beira d’água ou caminhando para trás como caminham os caranguejos. É, por isso, que os habitantes dos mangues, depois de terem um dia saltado para dentro da vida, nesta lama pegajosa dos mangues, dificilmente conseguiram sair do ciclo do
caranguejo, a não ser saltando para a morte e, assim, se afundando para sempre dentro da lama.


terça-feira, 16 de março de 2010

A importância das Matas Ciliares



O termo Mata Ciliar também conhecida como mata de galeria, tem sido usado para classificar as diversas formações vegetais, inclusive as estreitas faixas de floresta ocorrentes nas margens dos rios. Entretanto, na legislação brasileira o termo Mata Ciliar significa qualquer formação florestal ocorrente na margem de cursos d'água.


As Matas Ciliares foram reduzidas drasticamente e, quando presentes, normalmente estão reduzidas a vestígios, apesar de ser garantida pelo Código Florestal (Lei 4.771 de 15/-09/65). Segundo esta Lei são obrigatórias as conservações de:

- 30 m de mata para cursos d'água com até 10 m de largura.

Por que é tão importante preservar as Matas Ciliares?

A função das matas ciliares em relação às águas está ligada a sua influencia sobre uma série de fatores importantes, tais como:

- escoamento das águas da chuva; - diminuição do pico dos períodos de cheia; - estabilidade das margens e barrancos de cursos d'água; - ciclo de nutrientes existentes na água, entre outros.

Assim, os solos sem cobertura florestal reduzem drasticamente sua capacidade de retenção de água de chuva, causando duas conseqüências gravíssimas:

- A primeira que é imediata, resultam nas enchentes;

- A segunda de médio prazo - em vez de infiltrar no solo, a água escoa sobre a superfície formando enormes enxurradas que não permitem o bom abastecimento do lençol freático, promovendo a diminuição da água armazenada. Com isso, reduzem-se as nascentes. As conseqüências do rebaixamento do lençol freático não se limitam as nascentes, mas se estendem aos córregos, rios e riachos abastecidos por ela. As enxurradas, por sua vez carregam partículas do solo iniciando o processo de erosão. Se não controladas, evoluem facilmente para as temidas voçorocas.

A voçoroca é formada pela combinação de processos de erosão e demonstram um desequilíbrio do ambiente.

domingo, 14 de março de 2010

Ecologia Social




A ecologia social não quer apenas o meio ambiente. Quer o ambiente inteiro. Insere o ser humano e a sociedade dentro da natureza. Preocupa-se não apenas com o embelezamento da cidade, com melhores avenidas, com praças ou praias mais atrativas. Mas prioriza o saneamento básico, uma boa rede escolar e um serviço de saúde decente. A injustiça social significa uma violência contra o ser mais complexo e singular da criação que é o ser humano, homem e mulher. Ele é parte e parcela da natureza.

A ecologia social propugna por um desenvolvimento sustentável. É aquele em que se atende às carências básicas dos seres humanos hoje sem sacrificar o capital natural da Terra e se considera também as necessidades das gerações futuras que têm direito à sua satisfação e de herdarem uma Terra habitável com relações humanas minimamente justas.

Mas o tipo de sociedade construída nos últimos 400 anos impede que se realize um desenvolvimento sustentável. É energívora, montou um modelo de desenvolvimento que pratica sistematicamente a pilhagem dos recursos da Terra e explora a força de trabalho.

No imaginário dos pais fundadores da sociedade moderna, o desenvolvimento se movia dentro de dois infinitos: o infinito dos recursos naturais e o infinito do desenvolvimento rumo ao futuro. Esta pressuposição se revelou ilusória. Os recursos não são infinitos. A maioria está se acabando, principalmente a água potável e os combustíveis fósseis. E o tipo de desenvolvimento linear e crescente para o futuro não é universalizável. Não é, portanto, infinito. Se as famílias chinesas quisessem ter os automóveis que as famílias americanas têm, a China viraria um imenso estacionamento. Não haveria combustível suficiente e ninguém se moveria.

Carecemos de uma sociedade sustentável que encontra para si o desenvolvimento viável para as necessidades de todos. O bem-estar não pode ser apenas social, mas tem de ser também sociocósmico. Ele tem que atender aos demais seres da natureza, como as águas, as plantas, os animais, os microorganismo, pois todos juntos constituem a comunidade planetária, na qual estamos inseridos, e sem os quais nós mesmos não viveríamos.